Sobre voltar para sua casa

É comum ouvir falar do eu interior em muitas práticas de Yoga. Nós sugerimos a investigação e análise do eu interior, mas muitas vezes os praticantes ainda não sabem bem o que é isso e nem como acessar a essa camada profunda. Nesse texto, traremos um conceito inicial e abordaremos formas de acessar essa camada.

Quando um aluno inicia sua jornada no Yoga, nós apresentamos a prática tal como ela é: uma jornada de investigação de si e uma busca pelo seu eu interior. Mas o que seria isso?

Gosto de apresentar o eu interior aos alunos como uma casinha interna. Nessa casa, estão armazenadas informações muito importantes sobre quem você é, o que você gosta, o que te faz feliz, quais são suas mágoas e também suas maiores alegrias. É nessa casa que mora a sua autenticidade e nela você identifica muitas coisas que promovem a sua felicidade mais genuína. Por isso, encontrar essa casa é algo que promove paz e uma felicidade muito diferente. É como se você encontrasse, finalmente, o caminho de volta para casa.

Muitas vezes, ao nos sentirmos tristes e perdidos, acreditamos que algo nos falta. Uma casa maior, um carro, um emprego melhor, mais dinheiro, um parceiro… Atribuímos nossa felicidade à conquista de coisas externas e o que acontece, em muitos casos, é que nos desesperamos ao conquistar àquelas coisas e perceber que não necessariamente estamos mais felizes. Seguimos, então, buscando cada vez mais, na intenção por nos preenchermos daquilo que falta. É um movimento cansativo e interminável.

A filosofia do Yoga nos diz que a paz e felicidade autêntica não estão nesses elementos externos. Embora muitos deles possam facilitar muito a nossa vida e promover felicidade, o contentamento que buscamos independe dessas coisas e vem de nos conectarmos com nosso eu interior.

Yoga pode ser visto, então, como um caminho de volta para casa. Esse caminho pode ser percorrido ao se executar uma postura (ásana), ao se fazer um exercício respiratório (pranayama) ou ainda, ao meditar.

Talvez você esteja se perguntando: “será mesmo que uma postura ou respiração pode me fazer mais feliz?”

E, na verdade, o processo é bem mais profundo do que isso. Ao direcionar a sua atenção para o seu corpo durante uma postura, respiração ou meditação, você está, na verdade, direcionando o seu olhar para dentro. Com isso, você ganha mais consciência sobre como é afetado pelos eventos do seu dia, pessoas ao seu redor e pela sua mente. Dessa forma, você compreende melhor seus sentimentos e dá ouvidos aos incômodos da alma, que muitas vezes, sem o Yoga, acaba escolhendo não dar atenção.
Vivemos cada vez mais no automático e muitas vezes não conseguimos, ou não queremos, dar ênfase à como estamos nos sentindo. Isso vai nos distanciando da nossa paz e criando um sentimento de desidentificação, em que você não sabe mais tão bem quem é, de quem gosta, o que deseja para vida e para o seu futuro.

À medida que você pratica e se escuta atentamente, você compreende muito melhor como é afetado pelo mundo. Ao ganhar essa compreensão, você ajusta suas ações, comportamentos e pensamentos, levando tudo que sente em consideração. Desse ajuste e dessa escuta, é que surge a paz que tanto buscamos. E é aqui que mora o grande poder transformador do Yoga, nesse caminho traçado que te faz retornar para sua própria casa interior.

Existem muitos nomes alternativos para o eu interior. Estou chamando de casa, mas podemos chamar de alma, espírito, consciência ou essência. Independente do nome, não há quem não se beneficie dessa reaproximação e desse reconhecimento de quem se é.

Se você tem sentido cada dia mais falta de si, comece a caminhar de volta para sua casa. Não é sempre gostoso e muitas vezes é difícil. Quanto mais nos encontramos, mais entendemos como afetamos os outros e somos afetados por eles. Percebemos se o trabalho faz mais mal que bem, se aquelas amizades são boas mesmo e se o que você tem escolhido para sua vida até aqui, ainda faz sentido. Parece desconfortável e é. Mas no fim, é muito melhor o desconforto de se re-conhecer, do que o desconforto de viver sem saber quem é, né?

Nos vemos no próximo texto.


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